terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Maysa a "interprete audaciosa"

Maysa Figueira Monjardim, mais conhecida como Maysa Matarazzo ou simplesmente Maysa (São Paulo ou Rio de Janeiro , 6 de junho de 1936Niterói, 22 de janeiro de 1977), foi uma cantora, compositora e atriz brasileira. Ao longo da sua carreira gravou 17 álbuns de estúdio, 6 compactos duplos e 9 compactos simples. Cristalizou uma das mais brilhantes, sensíveis e belas obras da Música Popular Brasileira. É considerada pela crítica especializada e por grande parte do público, como uma das melhores cantoras da história da MPB.
            
"Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim"(Maysa)

As composições e as canções foram escolhidas de maneira a formar um repertório sob medida para o seu timbre, que não era o de uma voz vulgar—pelo contrário, possuía um viés melancólico e triste, que se tornou emblemática do gênero fossa ou samba-canção.

Maysa interpretava de maneira muito singular, personalista, com toda a voz, sentimento e expressão sendo um dos maiores nomes da canção intimista. Um canto gutural, ensejando momentos de solidão e de grande expressão afetiva. Um dos momentos antológicos desta caracterização dramática foi a apresentação, em 1974, de Chão de Estrelas (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), e de Ne Me Quitte Pas (10 de junho de 1976), tendo sido apresentadas em duas edições do programa Fantástico da Rede Globo.

Da menina sapeca à mãe, mulher rebelde e em busca de seus sonhos. Da época do rádio até o predomínio da televisão. A minissérie cobre toda a vida da cantora Maysa Matarazzo, e, por meio dela, é possível obter um panorama da vida brasileira no período dos anos 50, 60 e 70.
No começo dos anos 50, quando a cantora ainda é uma criança, veem-se famílias conservadoras da alta sociedade. À medida que Maysa cresce, é possível ver as mudanças pelas quais o Brasil passou nesse tempo. O comportamento devia ser "adequado", pois havia uma cobrança muito grande para isso, tanto que Maysa foi enviada para um internato em Paris quando era criança para ter uma educação digna de jovens de seu nível social.
Chegam os anos 60 e, com eles, começam as mudanças. Maysa, porém, já estava adiantada há muito tempo. Não era a menina que seus pais imaginavam, mas a que ela mesma havia criado. Seguia seus sonhos e se afirmava como uma mulher independente. Tanto é que não recebia pensão depois de divorciar-se e nem quando era casada. Não se cansava e buscou várias novidades.
Já viúva, foi para a Europa seguir sua carreira e fugir da fama que lhe perseguia aqui no Brasil, deixando seu filho num internato em Madrid por muitos e muitos anos. Encontrou vários amores e por lá ficou. Voltou e os anos 70 apareceram meio de surpresa. O sucesso continuava e o país se modernizava, enquanto isso. Era tempo do milagre econômico e as vendas de discos de Maysa se mantinham sustentáveis. No Brasil, ela abraçou de vez a carreira televisiva. Arriscou-se até em telenovelas, já famosas pela qualidade e popularidade. Mas um fim trágico ocorreu, calando para sempre a voz de uma estrela!



 O poeta Manuel Bandeira, em frase famosa, disse que os olhos da cantora Maysa eram "dois oceanos não-pacíficos".São esses olhos que chamam a atenção da gente, naquele rosto mais para agressivo, quase hostil, não fosse tão bonito, que ilustra a capa da biografia "Só numa multidão de amores", escrita pelo jornalista Lira Neto. 
Foi corajosa ou apenas kamikaze? As duas coisas, sem dúvida. Um pouco como os ícones "rebeldes" da década de 50 - James Dean, Marilyn Monroe - ela investia às cegas sobre os preconceitos por força de uma personalidade temperamental e incomum. Gente como ela não possui exata consciência da torrente de energia contrária e renovadora que carrega, representando as secretas aspirações de uma época.

Essa mulher, que tanto cantou o amor, não parava mesmo com homem algum - depois de Matarazzo, casou-se com o compositor Ronaldo Bôscoli, desafiando até o próprio, que só ficou sabendo que era noivo dela quando ela reuniu a imprensa para uma coletiva num avião e anunciou que ele ia casar-se com ela, deixando Nara Leão, na época a namorada oficial de Bôscoli, fula da vida. A crônica das brigas de Maysa e Bôscoli foi escandalosa e cômica, já que eram de encher a cara, ambos, e de dar baixaria em qualquer lugar. Depois, ela se casou com Miguel Azenza, espanhol, e, por último, com o ator Carlos Alberto. Mas, embora achasse de cada vez o que parecia o homem ideal, monogâmica é que não era. O livro nos deixa a impressão de uma sede de vida amorosa que não se satisfazia nunca.  




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